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Writer's pictureFrancisco Capelo

Manifesto do Movimento FUSÃO




“ Não há possibilidade de revolução que não seja através da arte ”

- Joseph Beuys


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. Manifesto do Movimento artístico FUSÃO

1. Um artista vende; um mestre ensina. E o artista que não deseja vir a ser mestre no futuro, provavelmente não merece ser apelidado de artista. A diferença de um pintor para um artista é que o pintor domina uma técnica; já um artista cria a sua própria técnica e tem uma noção clara do lugar que ocupa na História da arte. Arte é, no limite, linguagem simbólica profunda, energia mental directa e pedagogia criativa pura; e as artes plásticas nascem emocionalmente livres, sem etiqueta de preço ou estilo. O contexto, o habitat certo para o artista é a democracia de uma escola não hierárquica (como a Bauhaus demonstrou cabalmente à nossa civilização); não a elitista, pedante e inacessível galeria;


2. Defendemos o retorno às verdadeiras intenções dos pioneiros da arte moderna, desde Modigliani a Gauguin, passando por Picasso e Kandinsky. Neste contexto, Paul Cézanne está acima dos artistas da sua geração pela geometria evidente da sua pintura que deu origem ao Cubismo, sim, mas sobretudo pela não- necessidade de vender a sua obra para sobreviver. É isso o que lhe conferiu uma imensa liberdade e é isto o que os muitos e dúbios players do mercado da arte mais temem que aconteça, de facto. Se um artista é uma “ilha de liberdade” (segundo José Saramago e Antoni Tàpies), os artistas no seu todo serão um continente inteiro dessa liberdade (se se unirem no muito que efectivamente têm em comum). Retirando a ditadura do cifrão da equação artística, teremos encontrado a expressão plena da amizade entre artistas e a criatividade sem barreiras ou limites estéticos;


3. Exigimos a revalorização das categorias clássicas da arte: desenho, pintura e escultura, que têm sido tão maltratadas, menosprezadas e até ridicularizadas pelo lobbie gigantesco da arte conceptual, que infecta o sistema das galerias com opções de estilo discutíveis, parciais e amiúde indefensáveis, opções estas que minam pela base a credibilidade dos artistas contemporâneos e que inclusivamente ameaçam a sobrevivência do sistema no seu todo. Dar tiros nos pés, além de doer bastante, é estúpido, infantil e neste caso desnecessário. E quando põe em causa a própria subsistência dos actores do mercado da arte, deveria levar a um repensar urgente de toda a estratégia, e não somente a alterações constantes de tácticas parcelares sem qualquer sentido, enquadramento ou eficácia;


4. Este movimento que propomos aprofunda a alma poética do artista, gera um colectivo que mantém estreitos e afectivos laços e pratica a FUSÃO de todos os movimentos artísticos da arte moderna e contemporânea; passam agora cerca de 150 anos desde o alvor do Impressionismo, sendo que tudo o que já foi feito na História da arte desde os seus primórdios pré- históricos representa um eterno mix entre arte figurativa e arte abstracta: não existem obras figurativas puras; nem tão pouco existem obras totalmente abstractas. Já a imagem dupla é uma técnica artística que não pertence apenas ao surrealismo; antes caracteriza toda a arte que possua evidente e elevada complexidade;


5. Assim como Donald Judd (artista minimalista: 1928 – 1994) afirmou que: “A metade ou mais dos melhores trabalhos novos nos últimos anos não foram nem pintura nem escultura”, poderíamos igualmente constatar que: “As melhores obras de pintura dos últimos anos foram uma mistura de expressionismo, abstracção e surrealismo”. A verdade, em arte, é múltipla, e não tem um dono. E, apesar de acompanharmos sem dúvida a crítica ao movimento conceptual em variadíssimos e fulcrais aspectos, não deixa de ser um facto a abrangência e importância deste movimento na arte a partir da 2ª metade do século XX. Atenção, pois esta crítica generalizada à arte conceptual esconde fundamentos políticos preocupantes e vários dos seus autores têm claramente uma agenda escondida da opinião pública;


6. Alertamos todos os artistas para deixarem de ser ingénuos: o que aconteceu com o Impressionismo (com o marchand Paul Durand- Ruel) foi o mesmo que aconteceu com o pós- Impressionismo (com André Level), ou com o Expressionismo abstracto (com Peggy Guggenheim), e também foi o que sucedeu com muitas outras correntes criativas desde então: marchands astutos compraram a preço de saldo dezenas ou mesmo centenas de obras essenciais para daí a uns anos as apresentarem como a nova moda e inflacionarem no mercado esses mesmos artistas, promovendo grandes exposições e vultuosas vendas mediáticas, impondo no imediato um estilo inteiro ao sistema da arte, sendo que quem lucra continuam a ser esses intermediários - e não os artistas e suas famílias. Artistas, abandonem a vossa mítica e atávica baixa auto- estima e os lugares- comuns construídos à volta do mito do artista maldito e melancólico: o vosso trabalho, ao contrário do que vos tentam fazer pensar, é extremamente valioso. O descontinho não é forma de vida para nenhum de nós – não foi no passado nem é agora nem nunca será;


7. Sugerimos que o artista guarde os seus originais a sete chaves e que rentabilize em seu lugar as imagens digitalizadas destes trabalhos, através do sistema print on demand em múltiplos produtos, ou então art prints. Expor sim, e sempre; vender alto lá, tenham muito cuidado. Quanto maior for esta reserva de trabalhos originais, maior será o poder do artista e da sua família no mercado da arte, num futuro bem próximo. Por amor de Deus, não deixem dispersar, fragmentar a vossa colecção de arte, pois estarão a cair na armadilha, no jogo viciado dos intermediários – desde leiloeiros a galeristas ambiciosos, passando por meros investidores e agentes: o seu objectivo é lucrar o máximo com a revenda de um conjunto de obras sempre crescente e sempre a passar de mãos, para que cada peça continue a aumentar exponencialmente de preço no ciclo de vida útil dentro do mercado da arte e a encher os bolsos fundos de muitas destas personagens, até que finalmente um museu a compre e em princípio é assunto finito: venha outra obra de arte para entrar neste mesmo ciclo de contínua revenda. Relembramos que os intermediários contam com o desespero dos artistas em precisar de vender depressa e a qualquer preço os seus trabalhos. Não caiam neste erro de principiante – encontrem pelo contrário uma actividade paralela que assegure a vossa subsistência (como o ensino, por exemplo) ou apoiem-se na vossa família. Ser artista é uma aposta e um trabalho e sobretudo uma paixão de longo prazo e baseia-se num pacto inter- geracional com a sua própria família: a família assegura a subsistência do artista no seu tempo de vida; e o artista dará prestígio e rendimento no futuro à sua família: foi, é e sempre será assim que o mundo da arte funciona, pois como alguém disse um dia: “a passagem do tempo é o único verdadeiro crítico de arte que existe”;


8. FUSÃO não é um movimento para inflacionar e vender por alto preço ou para passearmos pelo país expondo arte em galerias de câmaras municipais ou juntas de freguesia em exposições que dão imenso trabalho a organizar mas que ninguém visita; é um movimento, isso sim, de pessoas talentosas mas humildes, que têm dificuldade em expor e que estão sempre a aprender umas com as outras; neste aspecto essencial, um movimento de pessoas que não se respeitem e apreciem genuinamente tem futuro curto. Aqui aposta-se na qualidade das relações humanas e na valorização da sua arte; e não na vaidade de apresentar um grande número de artistas que façam parte do movimento. Três, trinta, trezentos ou três mil membros significa para nós exactamente o mesmo. Bater recordes não é connosco. Não existe jóia para pertencer a esta associação/ movimento: pois aqui as jóias que gostamos de celebrar são as pequenas vitórias do dia- a- dia: ou seja, são as obras de arte feitas por cada um de nós;


9. Vivemos no tempo da internet e do digital. Não pretendemos negar a realidade; queremos, isso sim, aproveitar todas as oportunidades válidas e sustentáveis para divulgar online (e offline, porque não) o nosso trabalho, através de websites credíveis, de um grupo ou página a criar no Facebook e também um website próprio: mas, como já foi referido, sem pressa em vender por atacado. Deve-se vender apenas a quem aprecia realmente e nunca para fomentar e alimentar o ciclo interminável de investimento com o objectivo de lucros futuros – assim como se deverá evitar a alternativa igualmente detestável da mera decoração baseada nas cores ou no tamanho da tela. Vender directamente ao utilizador final é o objectivo; um objectivo que é simultaneamente alcançável e desejável. E se a obra de arte não comunica com o comprador, se não é um desafio constante de aprendizagem e contemplação criativa, não vale a pena chamar-se “arte”; bastaria nesse caso apostar numa tela decorativa qualquer para fazer conjunto com o sofá ou cortinados e ponto final - assunto resolvido. O movimento FUSÃO não limita, contudo, as formas como os seus artistas/ membros expõem, divulgam e vendem os seus trabalhos; antes aconselha, se tal for pedido pelo artista;


10. Finalmente, um grupo onde todos mandam não é um grupo: será talvez um manicómio. Este movimento artístico está aberto a todos, sem dúvida; mas alguém tem de fazer a triagem dos artistas. Esse alguém sou eu, Francisco Capelo (o artista Francisco Capelo; não o coleccionador Francisco Capelo: eu faço arte; ele colecciona-a). E os parâmetros desta selecção são tanto a nível da maturidade do estilo pessoal do artista, (a qualidade da sua obra, portanto), como ao nível da sua personalidade. Se não existir um controlo centralizado neste âmbito, estará criado o ambiente certo para a confusão total. Esclarecido este ponto, esperamos que o movimento FUSÃO vá de encontro às tuas expectativas e desejos como artista. Se fizer sentido para ti fazeres parte do nosso colectivo, não hesites e entra em contacto:

Tlm. 96 584 88 43

Username Skype: “francisco.capelo”

E se não fizer sentido participares, agradecemos todo o input de sugestões que queiras adicionar a este projecto; um projecto sem segundas intenções, de artistas para artistas.

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Francisco Manuel Capelo Nascimento Costa

- Formador de Arte e Mentor do Movimento FUSÃO -

23 de Setembro de 2020


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“ Adoro a arte de hoje porque adoro, mais que tudo, a luz. Pintar é uma arte assombrosa, na qual a luz não tem limites ”

- Guillaume Apollinaire

Membros fundadores do Movimento FUSÃO:

. Francisco Capelo

. Glen Hague

. Carla Pinheiro

. Ricardo Fonseca

. Alberto D´Assumpção

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